“Se um corpo teve um histórico de dificuldade, de sentido de não segurança, de indiferença, mau trato, negligência ou falta de amor, logicamente a forma como se construiu o que é seguro e o que é liberdade está comprometida”.
Todos estamos famintos de amor, porque de uma forma ou outra, recebemos de forma incompleta carinho, atenção, respeito, reconhecimento.
Oscilamos entre o medo e a liberdade, no medo há lugares de nós que têm sombras, vulnerabilidades. E a proteger esse medo erguemos uma série de muros ou estruturas defensivas à nossa volta.
O ser humano tem duas pulsões opostas: – De um lado a liberdade, do outro o medo, com a função de auxiliar na sobrevivência. Quanto mais ignoramos o medo, mais ele cresce.
O medo é a falta de sentido de segurança. Quando perco a minha liberdade e entrego a minha identidade a alguma ideia, a uma pessoa, entrego o poder que tenho sobre mim de tomar as minhas decisões.
Fico dissociado da minha identidade interna, perco a sensação de que estou no meu corpo e faço este movimento para dentro. Então temos várias camadas e nem sempre é evidente que se têm medo. Às vezes as pessoas dizem, por exemplo, que parecemos calmos e na verdade estamos nervosos, elaboramos foi aquela máscara para sobreviver.
Insisto continuamente nesta ideia de medo e liberdade, porque eles têm uma importância enorme no tema da codependência. As máscaras que as pessoas criam para se defenderem podem não ser representativas das suas vulnerabilidades.
O quanto me é difícil identificar-me com as pessoas com quem me estou a relacionar, se me engancho na máscara e não vejo para além disso as antenas do meu corpo, para além dos sinais, posso viver no falso self.
Só vive constantemente à defesa quem não tem uma história de segurança nem de vínculos fortes, de bom suporte no núcleo familiar ou clã, e por isso não há uma perceção clara do que é ou não seguro.